Foi muito Legal conhecer Marieta!
Não é que eles cheguem “vazios”, pois, embora incólumes, ainda falam a linguagem do mundo das estrelas. Então, a gente sente a generosidade da criação encarnar, e nos dar a missão gigantesca de, na nossa “ignorância”, ensinar um serzinho já tão sábio- a ponto de ter imensa força na sua própria delicadeza- sobre o nosso mundo da relativização. Sentir alguém que, como uma hóstia, dispensa palavras, entendimento racional, e tudo que não seja comunhão.
Preciso ainda uns bons anos pra resgatar todas as partes de mim mesma, espalhadas pelo tempo e por todos os lugares em que fui exclusivamente mãe, isolada de familia e de ajuda de babás, nos Estados Unidos. Foi tudo lindo, mas quero esses anos pra extravasar o que vivi, e me reencontrar.
A intensidade do corpinho de Marieta contra o meu, o seu calorzinho móvel, desengonçado em relação aos nossos rótulos, medidas, e movimentos comprometidos com o tempo e orientados por objetivos que estão sempre adiante; a liberdade que ela transmite, mesmo nos limites materiais do seu pequeno tamanho, é a liberdade do absoluto, daquilo que a gente vai “domar”, encaixar, e “orientar”.
Acho que não sei mais fazer isso. Acho que ficaria entre chorar de emoção e cair de joelhos aos pezinhos dela, como eu fazia com meus filhos, tendo o primeiro vindo ao mundo porque eu o trouxe, independente da vontade e companhia de seu pai.
Eu trouxe um primeiro homem, aquele que não era herdeiro de outro homem, aquele que foi, desde o comecinho, principio de renovação em responsabilidade absoluta, intensidade avassaladora que me fazia rezar para “resistir”, poder acompanha-lo, e zelar por ele.
Vivi meses entre rezar e amamentar, pois ele pouco dormia, ou melhor, só adormecia no peito, e só continuava a dormir, também no peito. Nunca pensei que chegaria a ter outro bebe, uma menina, quando nos mudamos para os Estados Unidos. Nunca pensei nem que eu fosse viver tanto, pois fui alcoólatra e anoréxica na adolescência, e abusei da minha resistencia e saúde durante toda a juventude. Sempre quis ter filhos, mas devido a como me tratei, não tinha certeza nem que viria a ter um, quanto mais dois, já vivendo numa cultura estrangeira, na tal cidadezinha campeã de caretice dos Estados Unidos. Mas, “I did it my way”, como canta o Frank Sinatra, e como Deus generosamente permitiu.
Marieta me fez reviver uma intensidade diante da qual muitas vezes pensei que iria sucumbir. Foi lindo. Mais que lindo. E também foi mais que lindo conhece-la numa noite em que fui encontrar meu irmão, o novo avô, que estava tomando conta dela, enquanto o filho Gregorio e sua mulher Giovana haviam saído. Conheci a precocidade e poder de exclusividade da garotinha, uma bebezinha que adora se comunicar, adora que se dirija a ela, e não tem nem dois meses!
A inocência junto com a força, ou a força da inocência, doe, por não sermos mais inocentes, ou por termos que vir a “domestica-la”, bota-la dentro de contextos. E como é difícil ser tão profano!… A gente se comove, chora, e quando menos se dá conta e se pensa estar cansado, tudo que se quer novamente é o contacto com aquele pequeno ser, tão indefeso quanto sagrado.
Nossa! Que “banho”!
Obrigada Gregorio, por mostrar tanto empenho que eu viesse. Obrigada Giovana, por fazer a Marieta com Gregório. Aliás, a propósito de Gregorio, quando eu disse a ele que tive que adiar minha vinda pra depois do carnaval, ele falou, “… Marieta ainda vai estar bem pequenininha, que bom!”
A maioria dos pais diria, “ ela ja vai estar maiorzinha, que bom…”
Mas Gregorio entende!